sábado, 5 de setembro de 2009

A Bíblia que Jesus lia

O premiado escritor e jornalista Philip Yancey vem marcando o cenário evangélico norte-americano e brasileiro com livros inovadores e de fácil leitura. A forma como a sua escrita flui é decorrente não só de sua habilidade, mas também do tempo que Yancey, como jornalista que é, gasta na revisão de suas obras e pesquisas. Em uma entrevista cedida a uma revista evangélica brasileira, Yancey conta que, no período de dois anos que leva para escrever um livro, gasta 40% somente revisando. Sua vasta cultura, evidenciada nas citações de uma diversidade de autores, não torna pesado o conteúdo de seus livros, pois a forma como mescla os assuntos bíblicos com histórias bem contadas resulta num estilo bem agradável, cativante.
A idéia do livro A Bíblia que Jesus lia surgiu com um forte desejo do autor em transmitir a importância do Antigo Testamento, que por muitos, tem sido esquecido, não evidenciado e deixado de lado, em função da sua falta de coesão. O próprio autor confessa, que ficou “desanimado logo de início pela sua aparente desordem” (p. 21 § 3). Mais depois de muitas investigações, “considera impressionante o fato de que essa coleção tão diversa de manuscritos, redigidos num período de mil anos por dezenas de autores, apresente um grau tão elevado de unidade” (p.21 § 4). O autor enfatiza, que jamais poderemos entender o Novo Testamento, sem a unidade do Antigo Testamento, e, vai mais além, ao dizer que “perdemos a profunda percepção nutrida pelos reformadores acerca da unidade dos dois Testamentos” (p.24 § 3). Em função disto, Yancey nos propõe, um retorno, uma viagem ao Antigo Testamento; isto porque, “quando lemos o Antigo Testamento, estamos lendo a Bíblia que Jesus lia e usava”(p. 25 § 2).
PhilipYancey, escolhe alguns livros do Antigo Testamento, e tenta extrair deles ensinos e direcionamentos para sua vida. Escolhe os livros de Jó, Deuteronômio, Salmos, Eclesiastes e os livros Proféticos.
O autor faz uma abordagem do livro de Jó levantando vários questionamentos em relação ao sofrimento humano e a posição de Deus em relação à vida de Jó e seu sofrimento. Aponta-nos, que o livro de Jó, é uma reafirmação de que Deus não está com os seus ouvidos fechados aos nossos clamores mais íntimos e está no controle deste mundo, se importava com ele de forma íntima e também conosco (p. 69). O foco central, que o autor aborda em relação à vida e o sofrimento de Jó, eram por em prova a sua fé.
Yancey nos apresenta, fazendo uma abordagem de Deuteronômio, um Deus maravilhoso, pessoal e que se preocupa com o seu povo.
Contudo, temos um Deus que intencionalmente se esquece dos nossos pecados e intencionalmente se lembra da nossa fragilidade. Temos um Deus que caminha ao nosso lado, que tabernacula entre nós em meio ao deserto grande e assustador. Temos um Deus de graça, que ama até os do pó – e, sobretudo os do pó (p.100 § 4).
O autor fazendo uma análise pessoal e subjetiva dos Salmos, tem no início, muitas dificuldades de compreender uma unidade e uma continuidade dos textos. Yancey encontra, registros maravilhosos de grandes exemplos de pessoas que tiveram um relacionamento profundo e individual com Deus; que tinham um relacionamento com Deus de forma apaixonada, que tinham uma alma sedenta e faminta da sua presença, que traziam um anseio profundo de um alento para as suas vidas e perdão para os seus pecados.
No livro de Eclesiastes, Yancey, aborda uma visão cética do autor em relação ao mundo e os prazeres da vida e destaca de forma preciosa - como que destacada do seu conteúdo - a seguinte observação: De tudo o que tem ouvido, a conclusão é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; pois isto é todo o dever do homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda obra, inclusive o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.
Yancey confessa que possui certa dificuldade para entender os livros proféticos e obter uma visão futura dos acontecimentos; ele deslumbra de forma clara e concreta, uma idéia do que Deus quer para a sua vida exatamente agora. Entende que gradativamente, está adquirindo a confiança no presente; o que terá sentido mais amplo e completo somente quando visto a partir de uma perspectiva vindoura (p. 187).
O autor conclui, ao pensar sobre o Antigo Testamento, respondendo três perguntas que foram enfocadas nesta obra: Eu sou importante? Jesus é de fato a resposta! Será que Deus se importa? Jesus é a resposta! Ele responde a minha dor de forma existencial, se importa, sofre e chora comigo; ele morreu por meus pecados e pelas minhas transgressões. Por que Deus não age? “...Os Cristãos crêem que Deus já agiu enviando o Messias, e agirá mais uma vez enviando-o de novo, desta vez em poder e glória, não em fraqueza e humildade”(p. 205 § 3).
Algumas questões aqui resumidas tornam o livro agradável de ler, e capaz de trazer-nos conforto real e nos dar uma certeza perene da importância da Bíblia como um todo. No Antigo Testamento, encontramos respostas indispensáveis para a nossa vida; porque afinal, ele era a Bíblia que Jesus lia.
YANCEY, Philip. A Bíblia que Jesus lia. 2ª ed. Trad. de Valdemar Kroker. São Paulo: Vida, 2000. 215 p.

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